D.ª Ely Dias: Pioneira de Brasília e da Vila Dimas
Foto Arquivo: Família Dias
O Governador do Distrito Federal Wanderley Vallim da Silva em 1990
condecora D.ª Ely Dias Pioneira de Brasília
Sendo condecorada Pioneira de Brasília com a Medalha do Mérito Alvorada, instituída pelo governo do Distrito Federal. GDF
Solenidade de entrega da comenda no Memorial JK
“No
dia 7 de setembro de 1957 chegamos à Cidade Livre, hoje é a nossa Cidade Satélite,
o Núcleo Bandeirante”
Na data em que se comemorava a
independência do Brasil, ano de 1957. D.ª Ely Dias, juntamente com seu esposo
Dimas Leopoldino, pisavam em solo candango; oriundos da capital do Estado de
Goiás, A família Dias migrou-se para o cerne do Planalto Central para vê de perto o mais deslumbrante espetáculo arquitetônico
da historia do Brasil, a construção de sua própria capital “Brasília”.
A construção de Brasília deu inicio no
ano de 1956, com a visão empreendedora e audaciosa de seu idealizador JK. Na
época da sua construção, o cenário era do Velho Oeste, um gigantesco canteiro de
obras, operários da construção civil e candangos chegavam a cada momento para
participar desta epopeia que aflorava no meio do cerrado.
D.ª Ely Dias era uma mulher destemida,
afrente da sua época, natural de Itaberaí GO. Nasceu no dia 22 de março de 1924.
Filha de João Dias Ferreira e Rita de Paula Pontes; Quando criança, aos cinco
anos de idade D.ª Ely Dias foi morar com seu avô materno José Amaro de
Mesquita, natural do Estado de Alagoas; seu avô era proprietário de uma fazenda
no Município de Vianópolis GO.
A sua infância e adolescência nesta
região de Goiás, foram marcadas com a chegada da estrada de ferro no ano 1934 e a
locomotiva a vapor, interligando vários Estados brasileiros, entre eles Minas
Gerais e Goiás, com seu destino final, o Município de Anápolis.
D.ª Ely Dias era católica, participante
dos movimentos ligados à igreja, visitava vilarejos e povoados da região goiana
para organizar os tradicionais festejos católicos; sua caminhada se estendia nos vários Municípios, era no povoado de Caraíbas, que a jovem Ely gostava de passear e rever seus parentes e amigos, lugar que também fez parte da sua mocidade, juntamente com sua cunhada e companheira D.ª Nica ( Tia Nica) esposa de seu irmão Abides Pontes da Conceição. Vianópolis era a cidade central de sua peregrinação. Sua mãe
Rita e seus tios, João Soquete, Antônio, Cirilo entre outros, integravam a
banda de música e a loja maçônica de Vianópolis.
Em sua caminhada desbravadora pelo
Estado de Goiás, visitava as igrejas de São Miguel do Passa Quatro, Leopoldo de
Bulhões, Silvânia, Orizona, Pires - do - Rio e Urutaí.
Foi numa quermesse, na cidade de
Vianópolis, que D.ª Ely Dias conheceu Dimas Leopoldino da Silva, trabalhava nos festejos da igreja, era mascate e dono de banca de jogos, Dimas Leopoldino , aquele que seria mais
tarde seu esposo e pai de seus 10 filhos. O Casal seguiu viagem em uma
locomotiva " Maria Fumaça" para cidade de Anápolis, constituindo sua família.
D.ª Ely Dias e seu esposo passaram por
quase todos os municípios goiano, trabalharam como enfermeiros em uma usina de açúcar no Município de Rio Verde ( das abóboras ) ,com farmácia e manipulação de
remédios, funerária e na Santa Casa de Misericórdia de Anápolis. Sempre juntos,
percorriam o Estado de Goiás; foram testemunhas oculares da fundação de Goiânia a
capital do Estado nos anos 30 e também participaram da inauguração de Brasília em 1960.
Seu esposo Dimas Leopoldino, em suas
andanças, também cravou seu nome no Estado de Goiás, o casal esbanjava simpatia
e atraia gentes para seu convívio, foram responsáveis pela formação e
emancipação dos Municípios de Campestre e Caldazinha GO.
D.ª Ely Dias com habilidades na área de
saúde, praticava a profissão de parteira, muito comum na sua
época; seus serviços geralmente gratuito, fazia do casal Dimas e Ely, serem Padrinhos de muitas crianças que nasciam sob seus cuidados.
Dimas sempre estava envolvido com as
questões politicas e fazia lideranças nas comunidades que passava,
foi filiado em diversos partidos políticos e teve seu nome apreciado em varias
candidaturas, para vereador, prefeito, deputado estadual e federal;
mas foi quando resolveu seguir rumo á construção de Brasília, seu
nome cravou definitivamente na história do Brasil. Seu nome hoje pertence a um
bairro localizado ao sul da cidade satélite de Taguatinga no Distrito Federal.
“Vila Dimas”.
Mas foi na Cidade Livre que D.ª Ely
fixou residência, pioneira do Núcleo Bandeirante, desde 1957, o casal chegou
num dia festivo, era comemorado o dia da independência do Brasil. Acamparam de
baixo de uma arvore gameleira as margens do que hoje a EPNB, setor de motéis do
N. Bandeirante.
Na época da construção de Brasília, não
era muito fácil para os pioneiros e candangos, a precariedade e falta de
saneamento básico era de enorme proporção, as casas dos operários eram de madeiras
e lonas, não havia pavimentação asfáltica nestas regiões periféricas, tudo estava começando; a terra vermelha do cerrado nevoava em pequenos tornados o altiplano
descampado. Faltava água, luz e comunicação telefônica, na Cidade Livre, havia somente um ponto telefônico da COTELB. Companhia Telefônica de
Brasília, que começava a se expandir com muita dificuldade.
No ano de 1960 em que Brasília era
inaugurada por JK. Também, o casal Dimas e D.ª Ely, assentavam muitas famílias
em um chapadão do cerrado nas localidades de Taguatinga Sul. Foi a iniciativa
de seu Esposo Dimas liderar um movimento comunitário e acomodar famílias de
trabalhadores e gentes que ainda chagavam em Brasília para se ocupar na
construção civil e em outros serviços.
No dia do trabalhador 1 de maio de
1960, Dimas assentou nesta área cerca de 500 famílias desabrigadas oriundas de
outras vilas, núcleos e acampamentos, que deveriam ser extintos apos a
fundação de Brasília. Assim formou-se a Vila Dimas.
D.ª Ely Dias nunca quis desprender-se do Núcleo Bandeirante, cidade de Brasília que adotou para criar seus filhos; foi lá que eles cresceram, se empregaram nos
Bombeiros, Policia Militar, Secretaria de Saúde, Telebrasília; seu
esposo ingressou na Guarda Especial de Brasília GEB. Dimas aposentou na Policia
Civil DF.
Ely Dias criou com muita
dificuldade seus 10 filhos após sua separação conjugal, mas no Núcleo
Bandeirante D.ª Ely Dias, convertida ao protestantismo, encontrava forças e
alegria de uma nova vida com o crescimento da sua descendência.
Pertencente a igreja evangélica e ao Clube dos Pioneiros de
Brasília, sempre esteve presente em datas comemorativas que faziam alusão à historia do Núcleo Bandeirante e de Brasília.
A Família Dias, conta hoje, com mais de 70 integrantes, somando os filhos, netos, bisnetos, tataranetos e muitos outros agregados.
Seu neto
Elias Dias, foi administrador do Núcleo Bandeirante, sua gestão ocorreu entre
2010 a 2015. Infelizmente a pioneira da Cidade Livre, não teve a realização de vê seu neto Elias Dias governar a Cidade de seus sonhos , a pioneira faleceu
no ano de 1991 e seus restos mortais repousam na praça dos pioneiros no
cemitério campo da esperança DF. O Núcleo Bandeirante Chorou a morte da sua
pioneira, conhecida por todos na cidade que preserva até hoje as tradições interiorana, D.ª Ely Dias
deixou saudades para a comunidade que Ela viu nascer.
Pioneira do Núcleo Bandeirante
D.ª Ely Dias Condecorada com a Medalha de Pioneira do Núcleo Bandeirante
Governador José Aparecido de Oliveira Condecorando D.ª Ely Dias com a Medalha de Pioneira do Núcleo Bandeirante . Solenidade na Casa do Pioneiro no Núcleo Bandeirante DF. 1985
Em seu Lar no Núcleo Bandeirante
D.ª Ely Dias
D.ª Ely Dias, aniversário de Manoel Dias em 1976
1933 e 1983
Autor da Biografia: Manoel Dias