ISSN:
2175 - 2605
ANAIS
DA JORNADA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO DA UNUCSEH
VIII
SEMINÁRIO DE PESQUISA DOS PROFESSORES
IX
JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Anápolis,
GO
2014
80
1.26.
VILA DIMAS: REFÚGIO DE CANDANGOS E
PIONEIROS NA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA
Autor: Manoel Messias
Dias da Silva
Universidade Estadual de Goiás
/UnUCSH/Geografia
Vila Dimas nasce junto com
Brasília, no ano de 1960, numa região localizada em Taguatinga Sul no Distrito
Federal, servindo de refúgio aos pioneiros, candangos e trabalhadores migrantes
vindos de todas as localidades da nação, sobre tudo do nordeste, comprometidos
na construção de Brasília, vítimas da segregação socioespacial. A Vila Dimas
teve como fundador, Dimas Leopoldino da Silva, pioneiro, camponês, religioso,
natural de Bela Vista GO, que havia lutado ao lado de José Porfírio, líder da
chamada Guerrilha das Trombas no Formoso, região norte de Goiás. Dimas chega a
Brasília no dia 7 de setembro de 1957, se estabelecendo aos arredores da Cidade
Livre, hoje cidade satélite do Núcleo Bandeirante, juntamente com a sua
família, se acampam debaixo de uma gameleira com seu caminhão pau de arara. A
história da Vila Dimas está intimamente ligada com a construção de Brasília,
fundada por Juscelino Kubitschek de Oliveira e uma grande equipe de
engenheiros, arquitetos e urbanistas com a missão de erguer em meio ao cerrado
do planalto central a Capital da República. Uma boa parte dos pioneiros e
candangos após a construção de Brasília permaneceu no Plano Piloto e foram testemunhas
oculares da ocupação de áreas não prevista no plano original. A Vila Planalto
próxima ao Palácio do Planalto e Paranoá permaneceram em seus locais de origem,
devido à absorção de mãos de obra para o mercado de trabalho, utilizada pela
Companhia Urbanizadora da Nova Capital – NOVACAP. Ainda, no período da
construção de Brasília, já era percebido um elevado número de aglomerados
urbanos à sua volta, as vilas e invasões se formavam da noite para o dia, ao
mesmo tempo em que eram executados os mais arrojados projetos no eixo central;
a fragmentação socioespacial dá lugar à segregação das classes econômicas,
propiciando os surgimentos de novos núcleos habitacionais ao seu redor, com
construções de barracos de madeira feitos com as sobras dos canteiros de obras.
A Cidade Livre era um núcleo provisório dos pioneiros e candango, um lugar de
laser para os trabalhadores das construtoras. Lá abrigava variado comércio de
bens e serviços, dois cinemas, cantinas e muitos botecos com música tocada por
trios de forró, tradição nordestina. O outro acampamento provisório era a
Candangolândia que ficava entre a Cidade Livre e a invasão do Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI. Na Candangolândia estava o
presídio e a sede da
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Guarda Especial de Brasília
- GEB. Esta guarda era um serviço de vigilância ligado à NOVACAP, que tinha a
função de proteger os inúmeros canteiros de obras, bem como, manter a ordem
pública. Mas tarde a GEB foi incorporada a Policia Militar e a Policia Civil do
Distrito Federal. Para além, estava o Plano Piloto, centro administrativo com a
esplanada dos ministérios, palácios, residências para o alto escalão do poder;
as cidades satélites, conhecidas como cidades dormitórios, que em número
reduzidos não conseguiam absorver um elevado contingente populacional que
chegavam diuturnamente em solo candango. "Candango" é o termo dado
aos trabalhadores que migravam à futura capital para sua construção e também
dado às pessoas que nascem no Distrito Federal. O surgimento da Vila Dimas está
vinculado à primeira remoção da invasão do IAPI. Nesta invasão os moradores
foram surpreendidos na manhã de 1º de maio de 1960, pela GEB, que dava ordem de
despejo, reprimindo e retirando as famílias a força. Dimas liderou o movimento de
resistência, negociou com o Governo a transferência de mais de três mil
famílias desabrigadas para um chapadão do cerrado, localizado ao sul da fazenda
Taguatinga a Oeste de Brasília. Taguatinga antes pertencente ao município de
Luziânia Goiás. Desde 1958 que Taguatinga já acolhia um grande contingente
populacional e se transformava em cidade satélite de Brasília. Anos mais tarde
na década de 70, o Governo erradica de vez a invasão do IAPI criando a Campanha
de Erradicação das Invasões - CEI, transferindo para a futura cidade satélite
de Ceilândia e depois para a satélite da Candangolândia. O processo de ocupação
da Vila Dimas foi ordeiro e pacifico, famílias eram assentadas em glebas de
terras demarcadas pelo seu líder. Na Vila Dimas os moradores podiam contar com
igrejas, feira livre e comércio ao redor da praça que estava localizada a sede
administrativa, espécie de subprefeitura que promovia assistência social e
filantropia para toda sua comunidade. Estes moradores foram vítimas de todas as
sortes de preconceitos e da segregação socioespacial, imposição arbitrária e
controladora do poder hegemônico às pessoas que não conseguiam se instalar nas
poucas cidades próximas ao Plano Piloto, região central da Nova Capital.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Autor do Artigo: Geógrafo Prof. Manoel Messias Dias da Silva
CORRÊA,
Roberto Lobato. A Cidade Contemporânea: Segregação Espacial. SP: Ed. Contexto,
2013.
VASCONCELOS,
José Adirson. Os Pioneiros da construção de Brasília-1992.
BAHOUTH,
Alberto Júnior. Taguatinga Pioneiros e Precursores- 1978 Ed. HP. Mendes.
Brasília-DF.
VILA DIMAS: REFÚGIO DE CANDANGOS E PIONEIROS NA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA
Manoel Messias Dias da Silva
Resumo
Vila Dimas nasce junto com Brasília, no ano de 1960, numa região localizada em Taguatinga Sul no Distrito Federal, servindo de refúgio aos pioneiros, candangos e trabalhadores migrantes vindos de todas as localidades da nação, sobre tudo do nordeste, comprometidos na construção de Brasília, vítimas da segregação socioespacial. A Vila Dimas teve como fundador, Dimas Leopoldino da Silva, pioneiro, camponês, religioso, natural de Bela Vista GO, que havia lutado ao lado de José Porfírio, líder da chamada Guerrilha das Trombas no Formoso, região norte de Goiás. Dimas chega a Brasília no dia 7 de setembro de 1957, se estabelecendo aos arredores da Cidade Livre, hoje cidade satélite do Núcleo Bandeirante, juntamente com a sua família, se acampam debaixo de uma gameleira com seu caminhão pau de arara. A história da Vila Dimas está intimamente ligada com a construção de Brasília, fundada por Juscelino Kubitschek de Oliveira e uma grande equipe de engenheiros, arquitetos e urbanistas com a missão de erguer em meio ao cerrado do planalto central a Capital da República. Uma boa parte dos pioneiros e candangos após a construção de Brasília permaneceu no Plano Piloto e foram testemunhas oculares da ocupação de áreas não prevista no plano original. A Vila Planalto próxima ao Palácio do Planalto e Paranoá permaneceram em seus locais de origem, devido à absorção de mãos de obra para o mercado de trabalho, utilizada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital – NOVACAP. Ainda, no período da construção de Brasília, já era percebido um elevado número de aglomerados urbanos à sua volta, as vilas e invasões se formavam da noite para o dia, ao mesmo tempo em que eram executados os mais arrojados projetos no eixo central; a fragmentação socioespacial dá lugar à segregação das classes econômicas, propiciando os surgimentos de novos núcleos habitacionais ao seu redor, com construções de barracos de madeira feitos com as sobras dos canteiros de obras. A Cidade Livre era um núcleo provisório dos pioneiros e candango, um lugar de laser para os trabalhadores das construtoras. Lá abrigava variado comércio de bens e serviços, dois cinemas, cantinas e muitos botecos com música tocada por trios de forró, tradição nordestina. O outro acampamento provisório era a Candangolândia que ficava entre a Cidade Livre e a invasão do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI. Na Candangolândia estava o presídio e a sede da Guarda Especial de Brasília - GEB. Esta guarda era um serviço de vigilância ligado à NOVACAP, que tinha a função de proteger os inúmeros canteiros de obras, bem como, manter a ordem pública. Mas tarde a GEB foi incorporada a Policia Militar e a Policia Civil do Distrito Federal. Para além, estava o Plano Piloto, centro administrativo com a esplanada dos ministérios, palácios, residências para o alto escalão do poder; as cidades satélites, conhecidas como cidades dormitórios, que em número reduzidos não conseguiam absorver um elevado contingente populacional que chegavam diuturnamente em solo candango. "Candango" é o termo dado aos trabalhadores que migravam à futura capital para sua construção e também dado às pessoas que nascem no Distrito Federal. O surgimento da Vila Dimas está vinculado à primeira remoção da invasão do IAPI. Nesta invasão os moradores foram surpreendidos na manhã de 1º de maio de 1960, pela GEB, que dava ordem de despejo, reprimindo e retirando as famílias a força. Dimas liderou o movimento de resistência, negociou com o Governo a transferência de mais de três mil famílias desabrigadas para um chapadão do cerrado, localizado ao sul da fazenda Taguatinga a Oeste de Brasília. Taguatinga antes pertencente ao município de Luziânia Goiás. Desde 1958 que Taguatinga já acolhia um grande contingente populacional e se transformava em cidade satélite de Brasília. Anos mais tarde na década de 70, o Governo erradica de vez a invasão do IAPI criando a Campanha de Erradicação das Invasões - CEI, transferindo para a futura cidade satélite de Ceilândia e depois para a satélite da Candangolândia. O processo de ocupação da Vila Dimas foi ordeiro e pacifico, famílias eram assentadas em glebas de terras demarcadas pelo seu líder. Na Vila Dimas os moradores podiam contar com igrejas, feira livre e comércio ao redor da praça que estava localizada a sede administrativa, espécie de subprefeitura que promovia assistência social e filantropia para toda sua comunidade. Estes moradores foram vítimas de todas as sortes de preconceitos e da segregação socioespacial, imposição arbitrária e controladora do poder hegemônico às pessoas que não conseguiam se instalar nas poucas cidades próximas ao Plano Piloto, região central da Nova Capital.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, Roberto Lobato. A Cidade Contemporânea: Segregação Espacial. SP: Ed. Contexto, 2013.
VASCONCELOS, José Adirson. Os Pioneiros da construção de Brasília-1992.
BAHOUTH, Alberto Júnior. Taguatinga Pioneiros e Precursores- 1978 Ed. HP. Mendes. Brasília-DF.
Referências
Apontamentos
Vila
Dimas
Hoje:
Está inserida no código de endereçamento
postal correspondente a
Satélite de Taguatinga Sul
Entre as Quadras Impares do Setor Sul
–QSE 1 a 19
Quadras Pares do Setor Sul – QSE 2 a 20
Fotos: Panoramio - Photos by helio antunes
A Praça da Vila Dimas
Entre
as Quadras 15 e 17
Dimas Leopoldino da Silva
Fundador da Vila Dimas
1 de maio de 1960
Taguatinga Sul - DF.
Dep. Fed. Benedito Domingos Pastor Dimas Leopoldino da Silva e Profº Manoel Messias Dias da Silva
Praça da Vila Dimas em Taguatinga Sul DF.
Fotos: Panoramio - Photos by helio antunes