domingo, 28 de setembro de 2014

VILA DIMAS: REFÚGIO DE CANDANGOS E PIONEIROS NA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA



PIONEIRO : DIMAS LEOPOLDINO DA SILVA

FUNDADOR DA VILA DIMAS-TAGUATINGA SUL- DISTRITO FEDERAL
EM 1 DE MAIO DE 1960

VILA DIMAS: REFÚGIO DE CANDANGOS E PIONEIROS NA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA



AUTOR: Professor de geografia - Manoel Messias Dias da Silva

Vila Dimas nasce junto com Brasília, no ano de 1960, numa região localizada em Taguatinga Sul no Distrito Federal, servindo de refúgio aos pioneiros, candangos e trabalhadores migrantes vindos de todas as localidades da nação, sobre tudo do nordeste, comprometidos na construção de Brasília, vítimas da segregação socioespacial. A Vila Dimas teve como fundador, Dimas Leopoldino da Silva, pioneiro, camponês, religioso, natural de Bela Vista GO, que havia lutado ao lado de José Porfírio, líder da chamada Guerrilha das Trombas no Formoso, região norte de Goiás. Dimas chega a Brasília no dia 7 de setembro de 1957, se estabelecendo aos arredores da Cidade Livre, hoje cidade satélite do Núcleo Bandeirante, juntamente com a sua família, se acampam debaixo de uma gameleira com seu caminhão pau de arara. A história da Vila Dimas está intimamente ligada com a construção de Brasília, fundada por Juscelino Kubitschek de Oliveira e uma grande equipe de engenheiros, arquitetos e urbanistas com a missão de erguer em meio ao cerrado do planalto central a Capital da República. Uma boa parte dos pioneiros e candangos após a construção de Brasília permaneceu no Plano Piloto e foram testemunhas oculares da ocupação de áreas não prevista no plano original. A Vila Planalto próxima ao Palácio do Planalto e Paranoá permaneceram em seus locais de origem, devido à absorção de mãos de obra para o mercado de trabalho, utilizada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital – NOVACAP. Ainda, no período da construção de Brasília, já era percebido um elevado número de aglomerados urbanos à sua volta, as vilas e invasões se formavam da noite para o dia, ao mesmo tempo em que eram executados os mais arrojados projetos no eixo central; a fragmentação socioespacial dá lugar à segregação das classes econômicas, propiciando os surgimentos de novos núcleos habitacionais ao seu redor, com construções de barracos de madeira feitos com as sobras dos canteiros de obras. A Cidade Livre era um núcleo provisório dos pioneiros e candango, um lugar de laser para os trabalhadores das construtoras. Lá abrigava variado comércio de bens e serviços, dois cinemas, cantinas e muitos botecos com música tocada por trios de forró, tradição nordestina. O outro acampamento provisório era a Candangolândia que ficava entre a Cidade Livre e a invasão do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários - IAPI. Na Candangolândia estava o presídio e a sede da Guarda Especial de Brasília - GEB. Esta guarda era um serviço de vigilância ligado à NOVACAP, que tinha a função de proteger os inúmeros canteiros de obras, bem como, manter a ordem pública. Mas tarde a GEB foi incorporada a Policia Militar e a Policia Civil do Distrito Federal. Para além, estava o Plano Piloto, centro administrativo com a esplanada dos ministérios, palácios, residências para o alto escalão do poder; as cidades satélites, conhecidas como cidades dormitórios, que em número reduzidos não conseguiam absorver um elevado contingente populacional que chegavam diuturnamente em solo candango. "Candango" é o termo dado aos trabalhadores que migravam à futura capital para sua construção e também dado às pessoas que nascem no Distrito Federal. O surgimento da Vila Dimas está vinculado à primeira remoção da invasão do IAPI. Nesta invasão os moradores foram surpreendidos na manhã de 1º de maio de 1960, pela GEB, que dava ordem de despejo, reprimindo e retirando as famílias a força. Dimas liderou o movimento de resistência, negociou com o Governo a transferência de mais de três mil famílias desabrigadas para um chapadão do cerrado, localizado ao sul da fazenda Taguatinga a Oeste de Brasília. Taguatinga antes pertencente ao município de Luziânia Goiás. Desde 1958 que Taguatinga já acolhia um grande contingente populacional e se transformava em cidade satélite de Brasília. Anos mais tarde na década de 70, o Governo erradica de vez a invasão do IAPI criando a Campanha de Erradicação das Invasões - CEI, transferindo para a futura cidade satélite de Ceilândia e depois para a satélite da Candangolândia. O processo de ocupação da Vila Dimas foi ordeiro e pacifico, famílias eram assentadas em glebas de terras demarcadas pelo seu líder. Na Vila Dimas os moradores podiam contar com igrejas, feira livre e comércio ao redor da praça que estava localizada a sede administrativa, espécie de subprefeitura que promovia assistência social e filantropia para toda sua comunidade. Estes moradores foram vítimas de todas as sortes de preconceitos e da segregação socioespacial, imposição arbitrária e controladora do poder hegemônico às pessoas que não conseguiam se instalar nas poucas cidades próximas ao Plano Piloto, região central da Nova Capital.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, Roberto Lobato. A Cidade Contemporânea: Segregação Espacial. SP: Ed. Contexto, 2013.
VASCONCELOS, José Adirson. Os Pioneiros da construção de Brasília-1992.
BAHOUTH, Alberto Júnior. Taguatinga Pioneiros e Precursores- 1978 Ed. HP. Mendes. Brasília-DF.

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